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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Medicamentos: a armazenagem caseira precisa de cuidados

Outra advertência comum no que se refere aos medicamentos
diz respeito a sua armazenagem fora do alcance das crianças
Ter medicamentos em casa pode parecer uma questão de previdência. No entanto, sua má armazenagem ou o fácil acesso de crianças a eles também pode se tornar um grande problema".

Automedicação: Risco Desnecessário
De todos os conselhos que se ouvem quando se fala em medicamentos o primeiro e o mais gritante é, sem dúvida, "Não tome medicamentos sem o conhecimento do seu médico, pode ser perigoso para sua saúde". Um site voltado aos farmacêuticos abre sua página citando Paracelsus (1493-1541): "Todo medicamento é potencialmente um veneno: o que distingue um medicamento de um veneno é tão somente a dose". Não é à toa que tanta advertência é feita. Dados do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox), da Universidade de São Paulo (USP) indicam que dos 3211 casos de intoxicação registrados em 1998, 40% foram provocados por medicamentos. Os farmacêuticos atribuem isso aos altos índices de automedicação praticados no país.

Para citar apenas uma informação, que, embora bastante localizada, ilustra bem a questão: de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Paranaense (Unipar), na cidade de Paranavaí, de 52 a 64% da população local se automedica. De acordo com os acadêmicos que realizaram a pesquisa, a maioria destas pessoas faz uso de analgésicos sem prescrição médica e 6% da população procura indicações de remédios com amigos ou vizinhos. Este último dado se confirma pela afirmação de que 37% dos entrevistados costumam indicar remédios para conhecidos. Entre os entrevistados, 69% disseram que procuram profissionais para resolver seus problemas de saúde, ao passo que 25% afirmam buscar indicações diretamente na farmácia.

A pesquisa ouviu 573 pessoas, divididas em faixa etária, sexo e poder aquisitivo. Uma curiosidade: embora 62% das pessoas afirmem tomar analgésicos por conta própria, 64% dizem que não praticam automedicação. Sobre os resultados da pesquisa, a coordenadora do curso de Farmácia e Farmacologia da Unipar, Érica Peliascov Pereira, alertou que "os organismos das pessoas são diferentes e quando um medicamento cura um determinado paciente, não quer dizer que o mesmo remédio vá agir de maneira eficaz para outra pessoa". Segundo a especialista, mesmo o analgésico, quando usado indiscriminadamente, pode causar danos ao organismo.

Estas informações muito nos dizem sobre o hábito de comprar e guardar medicamentos em casa, mantido pela grande maioria das pessoas. A armazenagem inadequada, porém, pode ser um dos grandes motivos de intoxicações e interações medicamentosas, seja pelo alto índice de automedicação praticado, seja pelo consumo de medicamentos deteriorados em função da má armazenagem, ou ainda pelo fácil acesso das crianças às farmácias domésticas.

Intoxicações Medicamentosas Acidentais: Um Risco Para as Crianças
Outra advertência comum no que se refere aos medicamentos diz respeito a sua armazenagem fora do alcance das crianças. Além disso, os profissionais indicam que se deve observar a dosagem adequada a ser administrada aos pequenos, e lembram que remédios para adultos podem ser perigosos quando dados para crianças.

De acordo com a pediatra Patricia Dahan, em artigo publicado na Internet, as intoxicações constituem um problema de grande importância em Pediatria, principalmente em crianças entre 9 meses e dois anos. "Nessa idade a criança já engatinha ou anda, sabe abrir armários, frascos e tampas. Tudo para ela é uma fantástica descoberta: frascos coloridos, etiquetas com desenhos, comprimidos de tamanhos e cores diferentes, sabores atrativos, principalmente quando se trata de medicação pediátrica... Os pais costumam demorar a perceber que o bebê da casa cresceu e que já consegue ter acesso sozinho a esses 'perigos'", avalia a médica no artigo.

De acordo com a médica, a hora das refeições ou as horas que as precedem são as mais perigosas do ponto de vista toxicológico, pois a criança está com fome e a mãe (ou a babá) está mais ocupada com os afazeres domésticos e com isso relaxa a vigilância. "Intoxicações são mais freqüentes em casas desorganizadas, mal arrumadas e em famílias numerosas (mais de três crianças)", afirma a pediatra.

A Dra. Patrícia explica que os sintomas de uma intoxicação podem ser muito variados e dependem da natureza da substância ingerida. Entre eles, ela cita as alterações oculares (midríase ou miose que são: aumento ou diminuição no tamanho da pupila respectivamente); a secura da boca ou aumento da salivação, sonolência, sudorese fria, náuseas, vômitos, diarréia, tremores musculares, convulsões, dor de cabeça (em crianças maiores), delírios, alucinações etc...

Muitas vezes os pais não sabem qual a quantidade ingerida ou até mesmo se realmente houve ingestão de substância; na dúvida, devem procurar um serviço de emergência, recomenda a especialista. "Uma lavagem gástrica ou outro procedimento feito o mais prontamente possível poderá evitar que complicações graves ocorram", complementa.

Cuidados Para Reduzir o Risco de Intoxicação
A Dra. Patrícia selecionou uma série de dicas para evitar as oportunidades de intoxicação medicamentosa dentro de casa. "Esses cuidados são de extrema importância e podem evitar o pior; no entanto não se esqueça que a vigilância absoluta é imprescindível até que a criança tenha idade suficiente para poder discernir o perigo", recomenda.

Outros profissionais da área farmacêutica também acrescentaram dicas e informações a respeito da armazenagem de medicamentos que podem ser úteis na prevenção de acidentes. Eles alertam os pacientes para que tenham em mente que o medicamento é apenas um auxiliar terapêutico e que a cura da doença depende da habilidade do médico, da consciência do farmacêutico e sobretudo, da aderência ao tratamento pelo paciente.

1. Armários com remédios, xampus, cremes, produtos de limpeza, inseticidas, graxas de sapato e outros produtos químicos devem ser trancados à chave ou cadeado, ou ainda localizar-se em altura suficiente, fora do alcance das crianças.

2. Nunca use recipientes de alimentos para guardar produtos de limpeza ou inseticidas (A Dra. Patrícia conta que já presenciou a morte de uma adolescente que tinha ingerido veneno de rato achando que era adoçante).

3. Esqueça de vez "a automedicação". Lembre-se: o remédio que você usa ou aquele que o filho da sua vizinha toma, pode ser prejudicial para o seu filho.

4. Procure sempre ter um único pediatra de sua confiança para o seu filho (evite assim as receitas absurdas e sobrepostas);

5. Se você trabalha e alguém cuida do seu filho durante esse tempo, faça essa pessoa ler esse artigo, e deixe sempre anotado o endereço e telefone de um pronto socorro de sua preferência... faça tudo para evitar perdas de tempo!

6. Não utilize medicamentos após o término do tratamento. Observe ainda as datas de validade dos medicamentos armazenados em casa, assim como antes de compra-los.

7. Medicamentos em cápsulas: a quantidade contida na embalagem deve ser a mesma indicada.Examine se existem manchas na superfície, isto indica deterioração do medicamento ou da cápsula examine a existência de cápsulas vazias ou com rachaduras (trincados); cápsulas pegajosas indicam excesso de umidade em contato com a cápsula. Verifique se a embalagem está bem fechada.

8. Supositórios: quando mal armazenados podem desmanchar (excesso de calor); Manchas presentes na superfície podem indicar deterioração; Procure conservar em local bem fresco ou sob refrigeração leve (no refrigerador na parte inferior).

9. Pomadas e Cremes: Partes com coloração e consistência diferente; Quando ocorrer separação da parte líquida e sólida. Quando vazar através da tampa ou estufar a bisnaga. Verifique se há gases no interior da bisnaga.

10. Comprimidos: Desprezar comprimidos quebrados ou faltando partes, se desmanchando ou se esfacelando facilmente; A quantidade de comprimidos na embalagem deve ser igual ao número indicado na mesma.

11. Xaropes e medicamentos líquidos: Fique atento à presença de substâncias sólidas no fundo do frasco ou no líquido, a qualquer cheiro diferente ou desagradável, à possíveis mudanças de coloração, aos frascos com tampa estufada, às embalagens ou bulas molhadas. No caso de suspensões (líquidos com partículas minúsculas que quando em repouso ficam depositadas no fundo do frasco), observe se ao serem agitados não ficam homogêneos.

12. Soluções injetáveis (ampolas, frascos, etc): Observe a presença de partículas sólidas no líquido, vazamentos e qualquer coloração anormal. Evite expor a solução à luz solar direta. Quando for tomar medicamentos injetáveis, tenha sempre consigo a receita médica (não se deve tomar medicamentos injetáveis sem receita médica). Observe as condições higiênicas da sala, a presença de pessoa habilitada e o uso de materiais descartáveis.

13. Antibióticos: siga corretamente a posologia prescrita pelo médico e não o utilize indiscriminadamente. Leve em conta o perigo de resistência bacteriana.

14. Se ocorrer ingestão simultânea de vários medicamentos, procure orientação médica ou de um farmacêutico habilitado, pois estes profissionais são os únicos que poderão dizer se haverá interação entre as drogas, aumentando ou diminuindo seus efeitos.

15. Não troque nem guarde a bula de um medicamento na caixa de outro, pois esta atitude pode levar a ingestão errônea de medicamentos e posologias não recomendadas, causando intoxicações.

16. Na farmácia ou drogaria, procure pelo farmacêutico habilitado (que não é o balconista) e extraia dele o máximo de informações possíveis sobre o medicamento prescrito pelo médico, tais como possíveis interações medicamentosas, posologia correta, reações adversas e, sobretudo, a importância da aderência ao tratamento.

17. Evite a compra de medicamentos anunciados pela TV ou rádio, pois só um profissional habilitado, um médico, tem condições de saber se você precisa ou não tomar um medicamento. Se for um medicamento de venda livre, oriente-se com o farmacêutico.

18. A maioria dos medicamentos é sensível à luz. Conserve-os na sua embalagem original, que já foi extensivamente testada para proteção do produto. É realmente importante que todo e qualquer medicamento fique abrigado da luz direta.

19. Outro grande mal na armazenagem dos medicamentos é a umidade. Mesmo as soluções devem ser protegidas da umidade, pois esta tem efeito deletério sobre a rotulagem do produto. Logo, mantenha os medicamentos em local seco, preferencialmente em prateleiras, afastados das paredes.
 
20. O calor também precisa ser evitado. A princípio, todo medicamento deve ser mantido em temperaturas abaixo dos 25ºC. No entanto, vários medicamentos requerem condições indicadas de temperatura e transporte. Leia as embalagens com atenção: elas devem conter as condições indicadas de armazenagem.

21. A limpeza é essencial em qualquer situação. Mantenha os medicamentos livres de pó, partículas, mofo, etc.

22. Os medicamentos devem ser armazenados isoladamente dos cosméticos, produtos de limpeza, perfumarias, e outros produtos químicos.

23. Medicamentos devem ser guardados em salas protegidas da entrada de insetos, roedores e aves. Periodicamente, promova a sanitização do local, tendo o cuidado de proteger os medicamentos do contato com substâncias utilizadas na sanitização. Uma opção é colocar telas finas nas janelas, para evitar a entrada de insetos e outros animais. Deve-se evitar a colocação de ralos no local de armazenagem de medicamentos.

24. Durante a gravidez e a amamentação, os cuidados com a ingestão de medicamentos devem ser redobrados: durante a gestação, a mulher deve evitar a ingestão de medicamentos, álcool, fumo, cafeína e drogas em geral. Alguns medicamentos podem causar problemas para o bebê. O médico deve sempre ser consultado antes da ingestão de qualquer medicamento.

25. Alguns medicamentos são inadequados para quem dirige ou opera máquinas, pois retardam os reflexos. O farmacêutico pode dar indicações a respeito disso.

26. A bebida alcoólica nem sempre combina com o uso dos medicamentos, pois pode interferir na sua absorção e efeito, podendo potencializa-lo ou promover efeitos tóxicos.

Copyright © 2003 Bibliomed, Inc. 22 de Setembro de 2003.

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