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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Farmacovigilância: as estatinas e a rabdomiólise

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A notificação espontânea de reações adversas a medicamentos é um método consagrado das atividades de farmacovigilância e o acúmulo de casos representa importante ferramenta para a geração de sinais e alertas sobre os riscos relacionados a utilização de medicamentos já disponíveis no mercado. Essa lição de farmacovigilância está representada no relato de 8 casos de rabdomiólise induzida pela interação de estatinas com ácido fusídico.
 
A rabdomiólise é um distúrbio muscular que ocorre como reação adversa às estatinas devido a característica miotóxica dessa classe de fármacos quando em concentrações plasmáticas elevadas.
 
A reação evolui com dor muscular e fraqueza, podendo levar a incapacidades de locomoção e também a danos renais devido ao aumento da concentração sérica de enzimas geradas pela destruição do tecido muscular, como creatina quinase e mioglobina. É uma reação adversa grave e potencialmente fatal e a dosagem das estatinas deve ser ajustada de forma a evitar o desenvolvimento do distúrbio.
 
A interação das estatinas com substâncias e medicamentos que competem na via metabólica do fármaco pode também alterar de forma adversa as concentrações séricas objetivadas no tratamento. O risco de miopatia induzida por estatinas devido a interações medicamentosas está aumentado na interação do fármaco com as seguintes substâncias: fibratos, antifúngicos azólicos, antirretrovirais, e ciclosporina.
 
A série de casos acumulada no período de 2006 a 2012 na Irlanda, país que possui sistema de farmacovigilância vinculado à legislação da Agência Européia de Medicamentos (EMEA, do inglês European Medicines Agency), possui comprovada relação temporal entre a exposição e o desfecho, evidenciando a associação entre rabdomiólise e o uso concomitante de estatinas e ácido fusídico (administrado em formulação oral), mesmo em pacientes que já utilizavam estatinas anteriormente. A importância dessa reação adversa está realçada dentro do contexto de contínuo aumento do uso de estatinas na população mundial.
 
No Brasil, o ácido fusídico é considerado pela Anvisa um antiinfeccioso tópico, sendo comercializado no país na forma de creme dermatológico. A lição é que a notificação espontânea é essencial para o acúmulo de casos e a efetividade das atividades de farmacovigilância e que, quando atuante, as atividades de farmacovigilância são determinantes no estabelecimento da segurança dos usuários de medicamento.
 
Associado ao controle da dispensação e venda de medicamentos, um sistema de farmacovigilância confiável é inclusive capaz de estimar riscos associados à ocorrência de reações adversas, informação essencial para a tomada de decisões terapêuticas.
 
Referências:
Graham DJ, Staffa JA, Shatin D, Andrade SE, Schech SD, La Grenade L, et al. Incidence of hospitalized rhabdomyolysis in patients treated with lipid-lowering drugs. JAMA2004;292:2585-90
 
Kearney S, McConville J, McCarron MO. Rhabdomyolysis after co-prescription of statin and fusidic acid. BMJ 2012;345:e6562
 

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