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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Compulsão alimentar entre homens ganha mais atenção dos médicos

Embora apenas 10% dos anoréxicos e bulímicos sejam homens, a compulsão alimentar é um problema compartilhado quase igualmente pelos dois sexos

Depois de devorar 70 asas de frango em cerca de uma hora, Andrew Walen percebeu que tinha um problema.

Bem, ao longo dos anos, ele sabia que algo estava errado. As pessoas normais não consomem 4.500 calorias de alimentos de uma só vez, nem pedem comida para levar para quatro pessoas quando vão jantar sozinhas. Mas foi necessário um ataque de comilança para que ele, finalmente, aceitasse a realidade: era um comedor compulsivo, e não tinha absolutamente nenhum controle em relação à comida.

“Em última análise, eu agia assim para me entorpecer e por falta de autoestima”, disse Walen, hoje com 39 anos, que trabalha como terapeuta em Columbia, Maryland.

“Tinha uma voz na minha cabeça que dizia: 'Você não é bom, você não vale nada', e eu recorria à comida.”

Walen é um dos cerca de 8 milhões de homens e mulheres dos Estados Unidos que sofrem de compulsão alimentar, definida como o consumo de grandes quantidades de alimentos dentro de um período de duas horas, pelo menos duas vezes por semana, sem vômito, acompanhado por uma sensação de estar fora de controle.

Embora cerca de 10% dos pacientes com anorexia e bulimia sejam homens, a compulsão alimentar é um problema compartilhado quase igualmente por ambos os sexos.

Um estudo publicado no periódico científico International Journal of Eating Disorders, descobriu que entre 46.351 homens e mulheres com idades entre 18 e 65 anos, cerca de 11% das mulheres e 7,5% dos homens, reconheciam sofrer de um certo grau de compulsão alimentar.

“A compulsão alimentar entre os homens está associada a níveis significativos de estresse emocional, obesidade, depressão e diminuição da produtividade no trabalho”, diz Richard Bedrosian, autor do estudo e diretor de saúde comportamental e desenvolvimento de soluções na Wellness and Prevention Inc., que trabalha com empregadores e planos de saúde.

Porém, embora a compulsão alimentar seja um desafio para as mulheres que sofrem dela, os perigos são, talvez, maiores para os homens, que raramente procuram tratamento para o que muitos acreditam ser uma “doença de mulher”.

Ao contrário da bulimia e da anorexia, a compulsão alimentar nem sequer consta de modo distinto no atual Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana – ou DSM, como o guia de diagnósticos para os profissionais de saúde mental é conhecido.

“Por algum motivo, os caras geralmente não pedem ajuda”, conta Ron Saxen, de 49 anos, autor de “The Good Eater” (O bom comedor), livro biográfico sobre a própria luta contra a compulsão alimentar, que começou quando ele tinha cerca de 11 anos. Em seu pior momento, Saxen chegou a consumir de 10 mil a 15 mil calorias em Big Macs, batatas fritas, milk-shakes de chocolate, barras de chocolate, sorvete e M&Ms, muitas vezes em apenas uma hora e meia.

Os homens que procuram tratamento muitas vezes têm dificuldade em encontrar um local ou um terapeuta para trabalhar com eles – mesmo a literatura é predominantemente centrada nas mulheres. Antes de Vic Avon receber um diagnóstico de anorexia em 2006, por exemplo, ele vasculhou a Internet para obter informações relativas aos transtornos alimentares vivenciados por homens.

“Tudo o que eu encontrei foi escrito por mulheres e para mulheres”, diz Avon, de 29 anos, empreiteiro em Brick Township, Nova Jersey.

Avon alternava entre a anorexia e a compulsão alimentar (o que não é incomum), chegando a pesar 135 quilos.

“Eu me sentia muito envergonhado, porque eu pensava que aquela era uma doença de mulher. Não tinha nenhum cara que servisse como referência para mim.”

Muitos homens que sofrem de compulsão alimentar nem sequer reconhecem que alguma coisa está errada. Cerca de 70% das pessoas que têm transtorno de compulsão alimentar estão com sobrepeso ou são obesas. Culturalmente, porém, ter sobrepeso é algo geralmente mais aceitável para os homens do que para as mulheres.

“Não há nada de errado em um cara da faculdade comer uma pizza inteira sozinho, mas se fosse uma mulher, as pessoas ficariam horrorizadas”, observa Roberto Olivardia, psicólogo clínico especializado no tratamento de distúrbios de imagem corporal e distúrbios alimentares entre homens e um dos autores de “The Adonis Complex” (O Complexo de Adônis).

Fonte iG

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