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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Pesquisa mostra que um em cada cinco médicos receita placebo

Uma pílula de farinha pode curar a sua dor? Em alguns casos, sim, e parte dos médicos inclui esse tipo de terapia em sua prática clínica.

Uma pesquisa canadense, feita com 606 profissionais (psiquiatras e outros especialistas), mostra que um a cada cinco médicos receita medicamentos placebos para seus pacientes regularmente. O estudo, liderado pelo professor de psiquiatria da Universidade McGill Amir Raz, foi publicado no "Canadian Journal of Psychiatry". Os placebos são muito usados em pesquisas clínicas, para testar a eficácia de medicamentos. Se quem toma o remédio melhora mais do que quem toma a pílula de açúcar, a droga funciona.

Zé Carlos Barretta/Folhapress
Setor de embalagem de comprimidos no HC de São Paulo, que tem um centro de produção de remédios e placebos
Setor de embalagem de comprimidos no HC, que tem um centro de produção de remédios e placebos

Além das pílulas de farinha ou açúcar, os placebos podem ser remédios de verdade em doses subterapêuticas (insuficientes para fazer efeito), vitaminas, injeções salinas e suplementos fitoterápicos.

'EMPURRÃOZINHO'
De acordo com a pesquisa, os psiquiatras são os médicos que mais usam esse recurso. "Em doenças em que há controle mental mais direto, como dores crônicas, transtornos mentais e até condições neurológicas como mal de Parkinson, o efeito placebo será maior", afirma o psiquiatra André Brunoni, do Hospital das Clínicas.

Especialistas ouvidos pela Folha dizem que nunca deram placebos para pacientes, mas que isso pode ocorrer em situações "excepcionais". "O que os médicos fazem é dar um 'empurrãozinho' final com placebo, usá-lo como complemento em pacientes que eles já conhecem bem e em situações seguras", diz Marcelo Saad, fisiatra do hospital Albert Einstein. Ele cita o exemplo de um paciente que precisa fazer fisioterapia, mas que se sentiria mais seguro tomando também um remédio. Nesse caso, o médico poderia prescrever um analgésico.

Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, diz que não usa placebos fora de pesquisas. Mas, afirma, se um paciente internado acha que precisa de remédio para dormir, o médico poderia dar algo inerte, como água destilada, como teste, para mostrar que isso não é necessário.

O psiquiatra André Brunoni afirma que muitos médicos receitam drogas de efeitos inespecíficos em que uma resposta poderia ser decorrente de efeito placebo. "Mas acho que poucos dão placebo de forma intencional."

Segundo Desiré Callegari, primeiro-secretário do Conselho Federal de Medicina, é antiético dar um remédio sem efeito só para satisfazer o paciente. "Não se pode enganar o paciente por achar que ele é hipocondríaco. É preciso ser transparente e respeitá-lo."
Arte/Folhapress


Fonte Folhaonline

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